Não restam dúvidas de que os travões dos carros são uma das peças mais importantes para garantir uma condução segura. Mas se isso é inquestionável, outras coisas são menos óbvias. Nem todos os sistemas de travagem funcionam da mesma forma, e por isso também nem todos os travões são iguais.
Genericamente, digamos que há 2 tipos de travões: os travões de tambor e os travões de disco. Estes últimos são os mais comuns nos veículos atuais, pois oferecem ainda mais compatibilidade e eficiência com o sistema de travagem ABS. Há ainda um terceiro tipo de travões, os travões cerâmicos, mas que têm uma utilização bastante específica.
Já agora, mais uma surpresa: sabia que uma travagem a fundo, à velocidade de 140 kms / hora, gera energia suficiente para manter uma lâmpada em funcionamento durante um ano? O mecanismo dos nossos travões esconde mesmo mais segredos do que poderíamos pensar à primeira vista!
Em seguida, contamos-lhe tudo sobre os travões para automóvel:
Travão de Serviço vs. Travão de Mão
Primeiro, precisamos de distinguir o travão de serviço do travão de mão. Todos os veículos têm um travão de serviço (que reduz a velocidade) e um travão de mão (que mantém o automóvel imobilizado). Embora o objetivo seja o mesmo – parar o movimento das rodas – ambos funcionam de modos diferentes. Os tipos de travões de que vamos falar hoje são os travões de serviço.
O que é o sistema de travagem ABS?
O sistema de travagem antibloqueio, conhecido pela sigla ABS (Anti Blocking System em Inglês), evita o bloqueio das rodas durante uma travagem repentina. Quando o sistema deteta indícios de bloqueio nos travões, regula a pressão automaticamente sem que o condutor tenha de intervir. Embora tudo isto lhe possa parecer muito teórico, na prática tem aplicações muito concretas.
Graças ao mecanismo antibloqueio, o condutor consegue manter a estabilidade, a aderência e direcionalidade na condução. Ou seja, o condutor mantém o controlo da travagem, do volante e consegue desviar-se dos obstáculos com mais facilidade. Então, em condições normais de condução (sem neve ou gravilha), o ABS funciona efetivamente como um sistema de segurança ativa.
Apesar de ter sido patenteado pela primeira vez pela Bosch em 1936, só se tornou comum nos carros durante os anos 60. Hoje está incluído em diversos modelos, incluindo nas motas. Só há mais um detalhe a reter: como funciona ainda melhor com travões de disco, também contribuiu para que estes se tornassem mais populares do que os travões de tambor.
O ABS tornou-se obrigatório nos países da União Europeia desde 2004.
Travões de Tambor
Este tipo de travões é antecessor dos travões de disco. Os travões de tambor ainda continuam a ser utilizados na sua grande maioria, senão totalidade, no eixo traseiro de determinadas viaturas. A nível de custos de produção, estes são mais reduzidos e a nível de eficácia continuam a não comprometer e a apresentar bons resultados.
Como funcionam os travões de tambor?
Os travões de tambor são formados por um tambor que gira com a roda, um cilindro com acionamento hidráulico, maxilas com material de fricção, afinador e molas. Quando carregamos no pedal de travão, o cilindro, por ação do sistema hidráulico, empurra as maxilas contra o tambor – o que provoca a paragem das rodas.
Travões de Disco
Os travões de disco são um sistema de travagem mais eficiente em relação ao de tambor. Funcionam com um disco, que lhe dá o nome, pastilhas e um pistão de acionamento hidráulico. As pastilhas e os discos do travão têm mínimos de espessura definidos e têm de ser trocados quando os ultrapassam.
Como funcionam os travões de disco?
Quando o condutor pisa no pedal de travão, a bomba hidráulica aciona os pistões com o líquido dos travões. Estes pistões empurram as pastilhas do travão, que por sua vez criam fricção contra o disco – e é esta fricção que faz reduzir a velocidade do automóvel.
Normalmente, os veículos são equipados com discos de ligas ferrosas, com exceção dos veículos utilizados para competição, que são equipados com discos de fibra de carbono. É essencial que os discos sejam fabricados de metais extremamente resistentes, já que as temperaturas entre a pastilha e o disco do travão podem superar os 750ºC
TIPOS DE DISCOS DE TRAVÃO
Discos de Travão Flutuantes com pinças fixas
Em relação aos discos normais, a grande diferença é que nos travões flutuantes a zona de fricção e a zona de fixação do disco são unidas por rebites, normalmente de alumínio. Estes rebites permitem ligeiras oscilações que fazem com que a zona de fricção tenha sempre a máxima área de contacto com as pastilhas.
Discos de Travão Perfurados
Normalmente, os discos dos travões flutuantes são perfurados para reduzir o peso e ajudar na limpeza das pastilhas. Isto resulta num aumento do movimento do ar, o que arrefece o disco e, por consequência, num aumento da eficiência da travagem. Têm um bom desempenho com chuva, pois permitem escoar a água e os gases rapidamente.
No entanto, também diminuem a superfície do disco e reduzem a força, pelo que geralmente são instalados em carros de corrida com manutenção recorrente. Além disso, a eliminação dos gases e das partículas no momento da travagem não é notória numa condução normal – enquanto numa competição esses pequenos segundos podem fazer a diferença.
Discos de Travão Ranhurados com pinças fixas
Flutuantes como os anteriores, estes discos de travões têm pequenas ranhuras que removem a sujidade que se acumula na superfície das pastilhas. Por esta razão, a eficiência da travagem aumenta em média 30% em relação aos discos normais.
Em contrapartida, têm a desvantagem de as pastilhas apresentarem um desgaste mais acelerado. Normalmente, estes discos funcionam com pinças de travão fixas e pistões de alumínio. Embora possam ser usados em vários modelos, são mais utilizados em carros desportivos e, tal como os travões perfurados, mantêm a eficiência em caso de chuva.
Discos de Travão Ventilados com pinças fixas
Este tipo de discos foi uma revolução nos anos 70. Os discos de travão ventilados são arrefecidos durante a rotação. Contêm um espaço no meio do disco que permite que o ar circule e ajude a arrefecer os discos quando são mais solicitados, melhorando assim a sua eficácia. As pinças fixas têm normalmente entre 6 a 8 pistões.
Discos de Travão Ventilados com pinças flutuantes
No entanto, os discos ventilados também podem ser combinados com pinças flutuantes. Estas pinças usam um único pistão, e portanto o sistema torna-se mais económico. Porém, é menos resistente ao aumento de temperatura e menos eficiente na área de contacto.
Outro tipo de travões: Travões de Cerâmica
É um terceiro tipo de travões, os travões em cerâmica ou travões em carbono, mas que por norma só são usados em carros de alta competição. São em média mais dispendiosos, têm um bom desempenho a temperaturas mais baixas e uma performance excecional a temperaturas elevadas.
Marcas como a Ferrari ou a Porsche, entre outras, continuam a desenvolver novos modelos de travões cerâmicos com excelentes performances.
Travões Carbo-Cerâmicos
Com o intuito de proporcionar a melhor experiência de travagem, estes travões têm duas vantagens imediatas: peso inferior e mais resistência à fadiga. Uma terceira vantagem é o facto de não deixarem uma camada de pó acumulado nas jantes, mantendo-as assim muito mais limpas.
A nível de preços, atualmente têm em média os valores mais elevados.
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